CRÓNICA #8 – Sabores que Perduram, Histórias que Continuam

Caros Lisboetas,

Abril chega sempre com um sabor especial. É o mês da Páscoa, de tradições que atravessam gerações, e dos doces que nos fazem recuar à infância. Mas este ano, abril traz também outra celebração: faz precisamente um ano que a Pastelaria Suíça voltou a abrir portas e a oferecer à Praça da Figueira um pedaço da sua alma.

Recordo bem o mês de abril do ano passado. Estava eu no meu posto, a engraxar sapatos, quando vi os primeiros clientes entrarem, alguns com a hesitação de quem reencontra um velho amigo depois de muito tempo, outros com a ansiedade de saborear outra vez aquele café e bolo que nunca esqueceram. Lisboa tem este encanto: muda, mas guarda no coração aquilo que realmente importa. E a Pastelaria Suíça regressou como se nunca tivesse partido.

Ao longo deste ano, sentei-me muitas vezes a observar o vaivém de pessoas que entram e saem, que partilham conversas à volta de uma mesa, que trazem os filhos e os netos para conhecerem o espaço que outrora foi dos avós. Tal como na Páscoa, em que celebramos a continuidade das nossas tradições, também a Suíça provou que certos sabores não se perdem no tempo, antes se fortalecem com ele.

E agora, com o perfume dos doces a encher o ar, vejo como a cidade e a sua gente fazem desta pastelaria mais do que um espaço para comer – fazem dela um lugar de memórias e reencontros. Quem entra ali dentro não compra apenas um bolo, leva consigo um pedaço da história de Lisboa.

Que este abril seja de festa, de sabores que regressam e de momentos que ficam. Porque, tal como as delícias da Páscoa ou um café tirado na hora, algumas tradições sabem sempre ao que é bom.

Com carinho,

Vasco